sexta-feira, 9 de abril de 2010

Líder do GEF irá compor Mesa-Redonda do 58º Seminário do GEL

O Prof. Dr. Pedro Navarro, líder do Grupo de Estudos Foucaultianos da UEM, será um dos componentes da Mesa-Redonda "Linguagem e Discurso: novos objetos, novas perspectivas, novas abordagens", a ser apresentada na ocasião do 58º Seminário do Grupo de Estudos Linguísticos de São Paulo - GEL. O evento é um dos mais importantes do país na área de Estudos Linguísticos e agrega pesquisadores de todas as regiões do Brasil. Ao lado do Prof. Pedro Navarro, estarão, na mesma mesa redonda, a Profa. Dra. Eni Orlandi (UNICAMP) e o Prof. Dr. Pedro de Souza (UFSC). O evento ocorrerá nos dias 21, 22 e 23 de julho de 2010 na UFSCar, em São Carlos - SP. Para ter acesso à programação completa do evento, acesse: http://www.gel.org.br/.

terça-feira, 6 de abril de 2010

“Verdade e Poder”



“Microfísica do Poder” – Michel Foucault
Cap I - “Verdade e Poder”

No encontro de 03 de Março de 2010, o GEF debruçou-se sobre a entrevista apresentada no Cap I - “Verdade e Poder” do livro “Microfísica do Poder”. Frente a diversos questionamentos, Foucault (2008) ressalta algumas noções essenciais para a compreensão da proposta do método arqueogenealógico, tais como descontinuidade, enunciado, discurso, acontecimento, historicidade, verdade e a relação saber/poder.

Assim, o filósofo retrata que a história não obedece a “esquemas suaves” e “continuistas”, numa espécie de entrelaçamento de blocos homogêneos dotados de coesão, mas que a história se constrói na descontinuidade, operada por mudanças que fundam um novo “regime” no discurso e no saber.

Tais transformações operam, consequentemente, numa mudança nas regras de formação dos “ENUNCIADOS” aceitos como cientificamente verdadeiros. Cabe ao analista observar o que rege tais enunciados, como se regem entre si, constituindo um conjunto de proposições aceitas como verdadeiras e verificáveis por procedimentos científicos. Verificar como se dá o exercício “interno” do “PODER”, os efeitos desse poder que circulam entre os enunciados, trata-se do “Regime Discursivo”.

Esses pensamentos conduzem a reflexão da dicotomia entre “estrutura” (pensável) e “acontecimento” (irracional): nem tudo é mera repetição, sempre há lugar para o “novo”, para uma nova ordem nos saberes que, consequentemente, constroem um novo regime de verdade, um novo exercício do poder. No entanto, segundo o filósofo, tal visão não é a deslocar tudo para o campo do “acontecimento”, mas perceber que há um “escalonamento de tipos de acontecimentos diferentes”, com diferentes alcances, amplitudes cronológicas e capacidades de produzir efeitos.

Ainda na entrevista, cabe salientar que o “poder” em Foucault (2008, p. 06) não deve ser visto como algo global, ligado somente à soberania, mas como um exercício concreto, presente em todas as relações, nas malhas mais finas da sociedade. Dessa forma, o poder não está ligado à repressão, à uma força que diz somente “não”, mas firma-se como uma rede produtiva: “produz coisas, induz ao prazer, forma saber, produz discurso”.

Assim, conforme ressalta Foucault (2008), não há poder sem saber, não existe verdade fora ou sem poder. “Cada sociedade tem seu regime de verdade, sua ‘política geral’ de verdade: isto é, os tipos de discurso que ela acolhe e faz funcionar como verdadeiros; os mecanismos e as instâncias eu permitem distinguir os enunciados verdadeiros dos falsos, a maneiras como se sancionou uns e outros; as técnicas e os procedimentos que são valorizados para a obtenção da verdade; o estatuto daqueles que têm o encargo de dizer o eu funciona como verdadeiro.” (FOUCAULT, 2008, p. 12). Em decorrência disso, vê-se a sociedade como uma arena na qual se acampa uma disputa pela “verdade” e “do papel econômico-político que ela desempenha”.

Diante dessa perspectiva, o intelectual deve estar engajado em lutas específicas, locais, observando como se dá, como se constrói o regime de verdade, indispensável para as estruturas e funcionamento da sociedade.