quarta-feira, 31 de março de 2010

Próximos Eventos

Seminário de Análise de Discurso Crítica
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27 e 28 de maio de 2010 na Universidade Federal do Ceará
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Inscrições até 18 de abril de 2010 pelo e-mail: seminario.adc.ufc@gmail.com
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II Fórum Internacional de Análise do Discurso: discurso texto e enunciação
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08, 09 e 10 de setembro de 2010 no Rio de Janeiro, Faculdade de Letras da UFRJ
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Inscrições pelo site: http://www.ciadrio.com.br/
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I Congresso Internacional Texto-Imagem
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Entre os dias 20 e 24 de setembro de 2010 na UNIFESP, Guarulhos - SP
Inscrições pelo e-mail: textoimagemunifesp@uol.com.br
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II Seminário de Estudos Linguísticos da UNESP
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13 a 15 de outubro de 2010 na UNESP de Araraquara - SP
Mais informações pelo site: www.fclar.unesp.br/poslinpor/eventos.php?id=poslinpor
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sexta-feira, 19 de março de 2010

O enunciado em perspectiva discursiva

Por Pedro Navarro, líder do GEF - Grupo de Estudos Foucaultianos da UEM
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O texto do Jefferson Voss toca em um aspecto central dos estudos da linguagem, orientados por uma perspectiva discursiva: o enunciado. Mesmo dentro dessa perspectiva não há um consenso, se considerarmos que Pêcheux, Foucault e Bakhtin definem enunciado a partir de um campo epistemológico com orientações filósóficas distintas. No quadro do materialismo histórico, Pêcheux considera o enunciado como um ponto de deriva à interpretação. Trata-se, para esse autor, de uma sequência linguística suscetível de se tornar sempre outra, uma vez que as palavras mudam de sentido conforme a formação ideológica que as determinam. Para Courtine, em sua tese sobre o discurso comunista endereçado aos cristãos, a Análise do Discurso não tem uma concepção clara de enunciado, sendo essa dada por Foucault, em sua A arqueologia do saber. Ancorado nas teses de Foucault, Courtine traz para a Análise do Discurso uma discussão muito importante sobre a distinção entre formação e formulação dos sentidos. Nesse caso, a noção de enunciado, cunhada no interior de uma visada arqueológica, é recoberta por uma orientação materialista de linguagem. O enunciado, em Foucault, é quase, podemos afirmar, um conceito semiológico, uma vez que não se reduz ou somente se realiza por uma sequência linguísta: uma árvore genealógica ou uma tabela é um enunciado, dada a função enunciativa que lhe confere a possibilidade de falar sobre um objeto (referencial), ser assumido por um sujeito (modalidade enunciativa), recortar um domínio de coisas ditas alhures e algures (memória discursiva) e ser repetido (suporte materialidade). Em Foucault, o enunciado é a unidade mínima de análise, localizado entre as regras da língua e aquilo que é efetivamente dito pelos homens. Em relação ao arquivo (sistema de enunciabilidade), é a menor unidade de análise, que o analista recorta, coloca em relação a outras e define um quadro enunciativo que evidencia as relações e as regras de formação dos saberes. Para Bakhtin, o enunciado é também a unidade menor da comunicação, mas, nesse caso, trata-se, para o filósofo russo, daquilo por meio do qual os homens interagem entre si: o enunciado bakhtiniano é o que estabelce o dialogismo, uma vez que ele pede um sujeito respondente. Bom, é só um começo de conversa em torno dessa noção tão cara aos estudos linguísticos.
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quarta-feira, 10 de março de 2010

A Imagem Defendida e a Imagem Aniquilada: um olhar para representação da imagem sobre a educação nas capas da Revista Veja

Por
Maria Fernanda Curci Vicente - Mestranda em Letras pelo Programa de Pós-Graduação em Letras (PLE) da UEM; membro integrante do GEF
Dr. Pedro Navarro (Orientador) - Líder do GEF - Grupo de Estudos Foucaultianos da UEM
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RESUMO: Baseados nos estudos teóricos metodológicos em análise do discurso para textos imagéticos recolhemos uma seqüência de quatro capas de artigos jornalísticos da revista Veja tendo como temática a imagem da educação brasileira enquanto construção de sentidos. As imagens produzem uma memória e uma cultura visual, criam um discurso e uma imagem específica que direcionam a forma da sociedade ver a escola e suas práticas. Esses olhares são representados em sentidos que aqui determinamos ou consideramos como temas: o institucional, profissional, o privado e o público. Considerando que o modo como o universo escolar ou educacional e construído e conceituado evidenciamos como a continuidade de um modelo de educação é preservado através dos discursos, foi possível investigar como os discursos sobre educação são significados, legitimados, reconhecidos e mantidos nas diversas materialidades discursivas, que em nosso trabalho se materializam no texto imagético, ou seja, os discursos sobre educação em textos imagéticos são moldados pela representação imagética que é cristalizada no imaginário social, imagens que constroem sentidos.
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Palavras Chave: texto imagético, discurso, representação, educação, texto verbal e não verbal.
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INTRODUÇÃO
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Pensando em como a constituição de uma forma escolar ou educacional é afirmada na representação por meio de textos imagéticos e no quando essa materialidade cristaliza o imaginário social, buscamos compreender o jogo entre a representação produzida pela ótica da instituição que a vincula (revista Veja) por aquilo que é representado sobre o público e o privado na educação brasileira, dessa forma queremos discutir o quando um discurso se sobrepõe um ao outro, uma luta de poderes para definir à que identidade a educação deve pertencer e ser.
As imagens como já dissemos produzem uma memória e uma cultura visual, acionam um discurso, uma imagem específica que direciona a forma de como a sociedade dever ver a escola, a educação e suas práticas.
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Barthes (1984) pode nos respaldar com seus estudos sobre a fotografia, nele fizemos algumas analogias em relação à imagem em capas de revistas, já que há instâncias homólogas as da fotografia. Chamaríamos de operator o fotógrafo, então quem seria o operator de capas de revistas? o editor o designer visual? a instituição revista como um todo; o spectator-espectador que seriam os leitores e o spectrum o fotografado, a imagem em si construída. Cada uma dessas instâncias corresponde a um nível ideológico, por isso elas só podem ser entendidas caso se leve em conta o contexto sócio- histórico da situação.
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A imagem é uma criação assim como a fotografia, a construção da imagem envolve procedimentos técnicos, culturais e ideológicos. Esses elementos nos permitem construir um raciocínio de que quem produz uma imagem da ênfase, recorta e deforma de acordo com um fim proposto e de acordo com o ideológico da instituição.
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Um importante teórico para essa discussão é Michel Foucault, ao nos dizer que “interrogar a linguagem, não na direção a que ela remete, mas na dimensão que a produz” (FOUCAULT, 1995, P.129). Desse modo consideramos a imagem enquanto linguagem visual.
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Em face do já exposto, este artigo tem como objetivo geral apresentar uma análise de uma seqüência de quatro capas temáticas da revista Veja sobre educação com o objetivo de mostrar aos leitores o que é, o que deve e o que deveria ser a identidade educacional no Brasil. Procuramos detectar que imaginário cultural está sustentado nessas capas, que crise identitária se revela ao pensarmos que hoje os conceitos sobre educação são multiformes e rompem com determinados conceitos como: escola para todos, pública e de qualidade, mas nas duas capas evidenciamos uma educação pautada nos setores privados mostrando que mesmo essa fragmentação de identidade do que deveria ser a educação há nelas um poder que se quer exercer, um poder econômico, político e cultural, uma mentalidade que se ancora, uma verdade de nossa época segundo os estudos Foucaultianos.
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É o mesmo imaginário social que permite que a imagem se represente da maneira que é, isto nos possibilita uma tentativa de buscar determinar a forma de representação que a imagem da capa da revista se valeu para seus efeitos de sentidos. É criada uma identidade para a imagem que em determinado momento é exposta em meio a tantos processos identitários líquidos e fragmentados que a todo momento querem se consolidar. Stuart Hall em seus estudos sobre identidade nos esclarece que identificar uma cultura identitária, geralmente é possível quando uma identidade está em crise, ou em luta para se afirmar:
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A identidade somente se torna uma questão quando está em crise, quando algo que se supõe como fixo, coerente e estável é deslocado pela experiência da dúvida e da incerteza (MERCER, 1990, p.43 apud HALL, 2006, P.9
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O próprio tema educação é um exemplo plausível de uma identidade em constante crise, porque ela é pautada na história das épocas ou nas mentalidades vigentes ou daquelas que ainda querem se formar. Compreendemos então que o descentramento que constantemente sofre as identidades é devido os diversos embates do poder pela sua busca por legitimação de uma identidade ocasionadas por constantes transformações econômicas políticas e culturais (FOUCAULT, 2006).
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1 A IMAGEM É PARA SER COMPREENDIDA
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Compreender a imagem através da ciência, da história, dos aspectos sociais e humanos que envolvem a imagem, o pintor e as pessoas retratadas buscando alinhar saberes e verdades da época que vão nos dizer de que forma essa imagem é escolhida, feita e para que, de modo a finalizar com a interrogação: que tipo de histórico se expressa no cotidiano e que estará sendo representado nas imagens, como a sociedade se organizam para que seja possível tais discursos. Essa reflexão nos possibilitou pensar na leitura de imagens enquanto algo marcado no tempo; essa conceituação nos foi possível decorrente dos estudos de Manguel (2001) sobre como as imagens devem ser lidas.
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Um texto imagético é um processo de escolha que faz nascer aquilo que ele queira em termos de sentido, dessa forma tudo na imagem é funcional, tudo nela é resultado de um trabalho técnico feito a dedo sobre os recursos chamados a constituírem o texto resultante, para uma melhor compreensão Foucault (1995):
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Eis o exemplo (...) de outra orientação possível. Para analisar um quadro, pode reconstituir discurso latente do pintor; pode-se querer reencontrar o murmúrio de suas intenções que não são, em última análise, transcrita em palavras, mas em linhas, superfícies e cores; pode-se tentar destacar a filosofia implícita que (...) forma sua visão do mundo. É possível, igualmente, interrogar a ciência, ou pelo menos as opiniões da época, e procurar reconhecer o que o pintor lhes tomou emprestado. A análise arqueológica teria outro fim; pesquisaria se o espaço, a distancia, a profundidade, a cor, a luz, as proporções, os volumes, os contornos, não foram na época considerada, nomeados, enunciados, conceitualizados em uma prática discursiva; e se o saber resultante dessa prática discursiva não foi, talvez, inserido em teorias e especulações, em formas de ensino e em receitas, mas também em processos, em técnicas e quase no próprio gesto do pintor (FOUCAULT 1995, P. 219-220).
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Assim como Barthes (1990), Foucault (1995) chama a atenção para o fato de que, no texto imagético cada recurso compositivo utilizado resulta de uma escolha ditada por uma época, por uma intencionalidade, por uma filosofia, por uma ciência, por uma opinião, enfim, no dizer do autor, de uma prática discursiva. Isto impede que àquilo que é inerente a imagem, seu caráter de inteligibilidade e empirismo possa fazer da imagem algo analógico e óbvio em relação à realidade da qual ela seria copia fiel.
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Cada recurso usado deve ser interrogado sobre as razões de sua presença e que efeitos de sentidos seriam produzidos e porque da presença dessa imagem e não de outra. Barthes (1990) fala da relação entre a geometria e o teatro; Focault (1995) o faz sobre a pintura. Mas esses conceitos também se estendem no sentido de que a geometrização proposta por Barthes se aplica a qualquer ícone, na fotografia, na propaganda, na charge em todas as imagens, geometrização entendida enquanto espacialidade ocupada e focos escolhidos em detrimento a outros.
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Perguntamos então? como os leitores vem as imagens, como as interpretam? A imagem busca um sentido e quer cumprir seu objetivo, ela traz seus conceitos sobre algo, no entanto analisar uma imagem vai muito além dessas categorias. A análise do discurso muito tem a dizer sobre isso ao investigar os processos de constituição de uma dada discursividade busca descobrir o que mobiliza as opções feitas pelo criador da imagem detectando os possíveis efeitos de sentido resultantes dessas escolhas. Especificamente para os analistas do discurso o leitor reconstituiria os trajetos feitos pelo criador da imagem, ou seja, os processos de constituição como um todo.
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1.1 O CORPUS IMAGÉTICO:
Capa 01

Capa 02


Capa 03


Capa 04


A imagem é um operador de memória se pensarmos nos estudos de Pêcheux (1999, p.52) diríamos que é “aquilo que, face em um texto que surge a ler, vem restabelecer os implícitos”. Em Foucault (1995) a memória e definida como um já dito e esse já dito sempre um jamais dito. Desse modo podemos considerar uma memória mobilizada e funcionando nessas capas pelo verbal e não verbal, essas imagens dos sujeitos nos remetem a uma interdiscursividade sobre os discursos econômicos, uma historicidade da própria enunciação, é ela que demarca todos os posicionamentos dos sujeitos nas capas, as duas primeiras capas (1e 2) em sua materialidade discursiva revela uma posição sujeito ideologicamente marcada Fernandes e Cabral nos explica:
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A imagem tomada como um operador de memória e considerada como um enunciado pode ocupar lugar no cerne da arqueologia foucaultiana, e remete-nos á noção de arquivo. Compreendido como conjunto de enunciados efetivamente produzidos em dada época, o arquivo é apresentado por Foucault (1995, p. 1249) como “lei do que pode ser dito, o sistema que rege o aparecimento dos enunciados como acontecimentos singulares”. Dessa feita, arqueologia é a descrição que interroga o já dito no nível de sua existência [...] descreve os discursos como práticas específicas no elemento do arquivo (Foucault, 1995, p.151) ainda com a palavra Foucault (1995, p.149), trata do que faz com que tantas coisas ditas por tantos homens há tantos milênios (...) tenham aparecido graças a um jogo de relações que caracterizam particularmente o nível discursivo” (FERNANDES E CABRAL, apud, Romão, Gaspar, 2008, p.281)
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Nas capas evidenciamos uma educação discursivizada e reestruturada sob o signo do “homo economicus” uma forma de governamentalidade neoliberal (Foucault, 1979), por isso essa memória ainda é circulante já que o discurso contemporâneo nas suas diversas materialidades discursivas sobre a educação são ainda construídos sob a marca da herança da escola republicana do século XIX que respalda a educação enquanto a grande redentora e preparadora para as coisas do mundo, regate esse que a memória discursiva social possibilita.
A capa da revista é “um dedo que revela mais daquele que a constrói do que sobre o objeto que ele discursiviza” (Joly, 2005. p. 83). Entre o sujeito e o objeto, o primeiro revela-se mais do que o segundo, esse sujeito segundo Aumont tem:
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Um valor ideológico o seu instrumento técnico, sendo a câmara [que fotografa, filma ou controe] um instrumento que veicula uma ideologia do visível (...) a captação de uma imagem já pressupõe uma prática discursiva, isto é impregnada de historicidade e do imaginário social da qual faz parte (AUMONT, 2001, P.182-183).
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A historicidade que permeia a imagem é visualizada na representatividade das capas que corresponde a um modelo cultural, político e econômico que constantemente busca através dos discursos firmar seu modelo e subjetivar a sociedade de tal modo, a partir dessa análise percebemos que lastros culturais embasam os discursos que circulam na sociedade.
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Os estudos de Barthes (1990) sobre fotografia, cinema, pintura, teatro e música nos respondem sobre de que forma a imagem em si deve ser analisada e começamos com seu estudo sobre a distribuição espacial dos elementos na foto que se dispõe, ela demonstra a ênfase que se deseja hora nas pessoas em si, hora no texto verbal e não verbal, Barthes também analisa o papel que as cores cumprem em determinadas culturas, desse modo temos uma imagem que aparentemente aponta cenas ilustrativas sobre o que deve ser a educação por aquilo que ela não deve ser, com Barthes nos é possível compreender o sentido real da imagem, o que ela oferece em termos de conteúdo que se evidenciam através das formas utilizadas.
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Essas imagens ao resgatarmos o processo de sua constituição, reportagens mensais sobre educação em um determinado período muito evidenciam, são relações entre duas formações discursivas: dos discursos neoliberais e dos discursos das políticas de Estado, consideremos a imagem da capa quatro com a seguinte pergunta: a escola pública se apresenta na foto por quê? e de que forma? Se não há imagens e nem menções verbais sobre ela: representada na foto em que o aluno vai até o quadro escreve e pelos números apresentados que evidenciam que a maior quantidade de alunos nas escolas ainda está na escola pública, a própria conotação do aluno escrever errado remete que esses problemas só aconteceriam com os alunos da escola pública.
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Na capa três o adjetivo bom e caro levam o leitor a pressupor que não é o ensino público que a imagem chama pra si e sim em função desses adjetivos e da forma com a imagem se posiciona demonstram que o sentido da imagem remete a educação privada, já que construiu uma imagem de sentido na qual o ensino público não é bom, porque ele não tem dinheiro, a maneira como os recursos visuais foram usados mostram o quanto um sentido não precisa estar na transparência da imagem para surgir ele é construído na própria interpretação que a imagem propõe.
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Essa interpretação ainda no nível imediatista da imagem está e não está na imagem ela nos conduz no seu deciframento, Foucault (2002) nos alertou que uma imagem pode ser semelhante ou possuir uma similitude no caso dessas capas as técnicas visuais e verbais levam a similitude dos sentidos ao afirmarem um discurso negando outro, mas sem se comprometerem, esse é um exemplo das inúmeras possibilidades que a imagem permite para seus efeitos de sentido. Essa situação imagética pode nos mostrar que o sentido que a imagem propõe tem em si uma discursividade e uma ideologia tomada para si, significam na sua própria representatividade imagética e verbal ao negar outros discursos, essas imagens logo têm uma especificidade, imagens específicas que revelam uma identidade.
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Foucault ressalta o papel que uma formação discursiva pode exercer, ou seja, dita o que se pode dizer no embate pelo poder, ele ainda acrescenta que “não são as imagens ou as pessoas que se digladiam na luta por poder, mas sim discursos que se confrontam e delimitam que enunciados se pode produzir” (FOUCAULT, 2006, P.325).
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Dondis (1997) em seu livro A Sintaxe da Linguagem Visual nos explica que as técnicas de comunicação visual são empregadas de uma forma que a transmissão da mensagem possa ser a melhor forma possível e de acordo com seus interesses, baseadas na escolha de elementos que irão compor a imagem, para assim cumprir seus efeitos, a revista para respaldar sua formação discursiva cria discursos, discursos que são imagens. Dondis também escreve que o pensamento visual não é um sistema retardado, a informação é transmitida diretamente, na linguagem visual.
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É o óbvio da imagem no seu caráter espontâneo e imediatista que possibilita inúmeros efeitos de sentidos, no entanto como já nos disse Foucault (2002) “Isso não é um cachimbo” (o óbvio nada mais é do que um efeito e a questão é decifrar esse efeito a fim de compreender a imagem em sua forma e conteúdo). Para uma melhor compreensão Dondis esclarece: [...] podemos observar que o propósito da fotografia não é apenas o de reproduzir o visível que o mundo nos oferece. Ela é atravessada pela questão da figuração, do invisível [...] (DUBOIS, 2004, p.64).
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Destacamos a possibilidade de traçar um paralelo entre a análise de um texto e de uma imagem, ambas as materialidades possuem nexos em comum, já que estamos lidando com a linguagem em suas diferentes materialidades, a partir dessa conceituação respaldamos nossa análise mostrando que o texto imagético é uma forma de linguagem.
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Nas capas identificamos uma formação discursiva, na qual, o enunciador autoriza a retomada de enunciados específicos dos discursos neoliberais, aqueles que Deleuze (2005) chama de o vocabulário das sociedades ocidentais, os grandes adjetivos, os contrários, as funções extremistas, a competição, a grande instituição etc. Vocabulário que interdita outros enunciados como: pequeno, comunidade, coletividade, todos etc. As palavras em negrito nas evidenciam esse modo de enunciar.
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A imagem enquanto discurso muito nos traz em termos de análise, por exemplo, as vestes das pessoas nas capas evidenciam um ethos discursivo que segundo Maingueneau (2005) permite construir uma imagem de si e do outro para o leitor. Temos o discurso empresarial que se configura na própria imagem das roupas utilizadas, destacamos a capa um, onde aparece um senhor engravatado cobrindo o foco principal da imagem, ela nos remete a construir um sentido ligado ao mundo empresarial, poderíamos dizer que esse senhor representa um executivo da educação, um sujeito que mesmo sendo da educação se caracteriza como um executivo. Há também uma rede de implícitos que sustenta a memória discursiva do homem empresário meia idade, rico (o rei) que em nossa sociedade está representado imaginariamente como a figura do homem que tudo faz e que tudo resolve enquanto homem, empresário e rico, que ocupa um único lugar, o lugar que cabe apenas a um, desse modo esses discursos que estão respaldados pelo poder econômico e cultural vigente da sociedade recaem sobre a educação buscando instaurar esse discursos nela.
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Essa formação determinada pela memória discursiva que sustenta os sentidos oficiais sobre o que deve ser a educação interdita exatamente por sua semântica global mobilizada qualquer possibilidade de resistência, ao falar de educação dentro de uma perspectiva neoliberal expressa na própria construção da imagem, que trás consigo verdades e regimes de enunciabilidades, na medida em que existe um interdiscurso que credencia essa possibilidade, aquele que possibilita interpretar educação como um negócio como qualquer outro, ou seja, há um discurso engendrado que são aqueles da ordem enunciativa que colocam em cena os regimes econômicos e sua influência nas discursividades que exigem para si. O que pode e deve ser dito nesta materialidade evidencia o acontecimento histórico que está sempre já dito, já significando na ordem do enunciável, no interdiscurso mobilizado e o “rosto” da imagem precisa respaldar tudo isso.
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A relação das imagens com espectador também deve ser considerada porque não é algo abstrato, ao contrário dentre os múltiplos meios dessa imagem se materializar alguns contextos são observados, são esses contextos que regulam a relação do espectador com a imagem. O teórico Aumont denomina essa relação de “dispositivo, que se divide em: contexto social, contexto institucional, contexto técnico e contexto ideológico” (AUMONT, 2001, P. 15). A imagem então está imersa em contextos que influenciam sua subjetividade e seu processo de subjetivar as pessoas.
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Trilhamos também um trajeto temático nesse texto jornalístico e imagético que se resumem nas quatro capas formando um único texto, uma única imagem e um sentido específico, a partir da seleção do tema: sujeito autônomo, competitivo, o grande eleito, expresso na adjetivação que as capas trazem e no jogo de imagem proposto são eles que nos possibilitam circunscrever as palavras e expressões que em nossa análise permitiu dizer que essa maneira de enunciar verbal e não verbal corresponde a um discurso estabelecido, basta pensarmos em uma possível construção arquivista desse discurso que cerca o recorte enunciativo, isso nos mostra o que é o discurso neoliberal na sua discursividade e na sua materialidade lingüística, discursiva e imagética.
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Os discursos neoliberais no campo educacional nos mobilizam a refletir sobre os sentidos advindos de uma memória discursiva que legítima e possibilita desse discurso e não outro em seu lugar. Diante do pouco espaço que temos para essa discussão no momento faremos uma análise mais reduzida do texto verbal sobre as regularidades enunciativas que estão nesses enunciados para evidenciarmos através desse dispositivo de análise Foucaultiano os regimes de enunciabilidades. Com o conceito chamado por ele de formação discursiva tornaremos possível a análise (FOUCAULT, 1995).
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Para definir uma formação discursiva é necessário buscar as regra que estabelecem os enunciados e o lugar de onde eles vêm. Dessa forma temos que considerar:
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a) quem fala? Quem tem a competência para falar sobre determinados objetos?
b) quais são os lugares institucionais de onde quem fala obtém seu discurso?
c) quais as posições adotadas pelo sujeito que fala?
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Está evidente que o sujeito que enuncia nas capas ocupa posições e lugares para falar sobre determinado objeto, nas capas essas posições e lugares são ocupadas através de um discurso neoliberal que circula no campo educacional, esses sujeitos que ocupam falam de um lugar institucional que são os meios de comunicação e apresentam uma ideologia específica tanto por parte do sujeito que enuncia quanto da instituição revista e de sua posição, por causa dessas posições e lugares o sujeito constrói para si uma identidade sobre seu objeto (a escola, ou educação) e sobre suas relações com esse objeto. Percebemos claramente a divisão dos indivíduos nesses enunciados, Foucault chama isso de micro práticas de poder, onde cada indivíduo cumpre um papel para que o poder se exerça uns sobre os outros, que no caso, um sujeito autônomo de livre iniciativa que compete e que deve buscar o lugar mais alto e apenas para um indivíduo, também focalizamos a representação simbólica que repercute no imaginário das pessoas, uma autonomia que na verdade mascara o controle que os discursos neoliberais exercem, esses lugares dispersam os indivíduos, mas o poder é o mesmo e isto acontece exatamente pelos diversos status, lugares e posições de onde fala o sujeito e do que ele fala, a imagem no espaço que ela ocupa e nas formas que tem presencia esse lugar, essa posição e o status que os indivíduos e os discursos apresentam
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Outro importante dispositivo criado por Foucault para análise de regimes enunciativos diz respeito à memória que é resgatada na própria dispersão dos enunciados a partir da qual nascem os sentidos historicamente estabelecidos. Os sentidos que esses sujeitos carregam estão materializados na própria formulação desses enunciados, porque resgatam enunciados já formulados alhures e que são retomados, esses enunciados podem ser visto quando vemos os sujeitos resgatarem um sentido de escola que seria aquele pertencente à escola como a libertadora e a grande preparadora sobre coisas a respeito do mundo, sobretudo em um mundo neoliberal e globalizante e que se quer assim refletidos no texto verbal e não verbal das capas dessa série enunciativa, essa memória resgatada na imagem e no texto verbal cumpre o papel de legitimar essa identidade escolar.
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Para que os efeitos desses regimes enunciativos ocorram é necessário segundo Foucault o uso de certas estratégias que nada mais são do que os temas e teorias que constituem uma dada formação discursiva. Para analisar a formação das estratégias de um discurso, o autor propõe que se leve em conta:
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I) o papel desempenhado pelo discurso estudado em relação aos que lhe são contemporâneos e vizinhos, observando o jogo de inclusão ou exclusão que os enunciados sofrem, para o surgimento de novas possibilidades de significações, vê-se que esses discursos resgatam o velho papel da escola, aquela que nos ensinará a viver, essa forma de discursivisar a escola e a educação mostram regimes enunciativos vigentes sobre como deve ser essa instituição e mesmo que esse resgate enunciativo não seja mais o mesmo está como diria Foucault deslocado, cumprindo uma função legitimadora para a nova ordem enunciativa que surge que é aquele ligada as sociedades capitalistas de nosso tempo, uma educação voltada para competitividade e exclusão dos indivíduos, no entanto isso é legitimado e amenizado, já que os regimes enunciativos sobre escola e educação ainda se mantém ligados aos sentidos de templo de redenção para ensinar as pessoas o que elas devem saber e garantir sua oportunidade, sobrevivência, e realização pessoal, todas as capas estão ancoradas nessa discursividade.
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II) os regimes de apropriação do discurso que apontam para o fato de que o direito de falar está reservado, de fato, a um grupo determinado de indivíduos estabelecendo para eles o que eles devem dizer e não dizer, no caso um revista legitimada socialmente e com um posicionamento frente questões educacionais, ela ocupa um status que lhe dá o direito de falar, já que a memória dos sujeitos permite legitimar seu dizer.
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Partindo para um panorama geral de análise podemos constatar uma demarcação discursiva sobre a educação nesses sujeitos, está evidenciado uma prática discursiva voltada para o projeto neoliberal de educação, poder vigente que cerca a vida de nós todos, ele envolve centralmente segundo Silva (1994, p.250) “a criação de um espaço que é impossível pensar o econômico, o político, o social, o cultural fora das categorias que justificam o arranjo social capitalista”. Ele ainda enfatiza que nesse espaço hegemônico visões alternativas e contrapostas à ordem liberal/capitalista são reprimidas a ponto de desaparecer da imaginação e do pensamento, até mesmo daqueles grupos mais vitimizados pela ordem vigente (alunos da escola pública) que se realizam através dos discursos, a imagem da primeira capa analisada comprova isso.
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Por causa dessa complexa subjetivação da escola enunciações ligadas ao discurso igualitário e de justiça social saem de cena na escola para dar lugar às noções redefinidas de produtividade, eficiência e qualidade como condições para uma escola moderna, a imagem não pode ser a sala de aula e sim uma formatura, um escritório, enfim, a prática escolar é apagada e o que importa são os resultados no futuro depois do processo escolar por qual passam os sujeitos na educação formal, esse apagamento nos abre muitas possibilidades de análises ligadas a seguinte questão: o que faz essa imagem ser apagada e porquê?
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CONCLUSÃO
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Ler um texto imagético não se reduz à percepção da atividade intencional ou da finalidade do texto, mas se refere também á observação do conjunto de recursos de que se valeu o autor para produzir as significações que gerou e isso se dá ao analisarmos os elementos condicionantes que fazem com que ele se valha destes e não de outros recursos. Essa leitura permite o acesso à que cerceia as produções textuais verbais e não verbais, possibilitando aos leitores que se debruçam nesse tipo de análise determinar com que texto, ideologia, política e cultura a imagem se pactua, dessa forma poderemos dar conta de qual compromisso e interesse os textos e seus criadores compactuam.
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REFERÊNCIAS
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BARTHES, Roland. A câmara clara: nota sobre a fotografia. Rio de janeiro: Nova Fronteira, 1984.
DELEUZE, Gilles. Foucault. São Paulo: Brasiliense, 2005.
DONDIS, D. A sintaxe da linguagem visual. Trad. Jefferson Luiz Camargo. 2. Ed. São Paulo: Martins fontes, 1997.
DUBOIS, Philippe. O ato fotográfico. 8. ed. Campinas, SP: Papirus, 2004.
FOUCAULT, Michel. Microfísica do Poder. Tradução e (org). Roberto Machado. Rio de Janeiro: Edições Graal, 1979.
__________________. O óbvio e o obtuso: ensaios sobre fotografia, cinema, pintura, teatro e música. (trad. Lea Novaes). 2. Ed. São Paulo: Nova Fronteira, 1990.
__________________. A arqueologia do saber. Trad. de Luiz Felipe Baeta Neves. Rio de janeiro: forense universitária, 1995.
__________________.Isto não é um cachimbo. Trad. Jorge Coli. Rio de janeiro: Paz e Terra, 2002.
__________________. Estratégia, Poder – Saber; organização e seleção de textos Manoel de Barros da Motta; tradução, Vera Lucia Avellar Ribeiro. 2. ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2006.
GRANATO Alice. A chave do emprego. VEJA. São Paulo, ano 45, n 12, p.54-56, 23 set.1998.
HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade. Trad. Tomaz Tadeu da silva e Guacira Lopes Louro. 11. ed. Rio de Janeiro: DP&, 2006.
JOLY, Martine. A análise da imagem. 11 ed. Campinas, SP: Papirus, 2005.
MAINGUENEAU, Dominique. Ethos, cenografia e incorporação. In AMOOSSY, R. (Org) Imagens de si no discurso: a construção do ethos. Tradução Dílson Ferreira Cruz, Fabiana Komesu e Sírio Possenti. SP: Contexto, 2005. (a)
MANGUEL, Alberto. Lendo imagens: uma historia de amor e ódio. Trad. Rubens Figueiredo, Rosana Eichemberg e Cláudia Strauch. São Paulo: Companhia das Letras, 2001.
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MANSO PAES, Thaís. Por que o bom ensino é tão caro? VEJA. São Paulo, ano 22, n 9, p.31-37, 02 fev. 1992.
PÊCHEUX, Michel. O papel da memória. Trad. de José Horta Nunes. In: ACHARD, Pierre. O Papel da memória. Campinas: Pontes, 1999.p.49-57.
ROMÃO, Lucília Maria Souza e GASPAR, Nádea Regina. Discurso midiático: sentidos de memória e arquivo. São Carlos: Pedro & João editores, 2008.
SILVA, Tomaz Tadeu. O adeus às metanarrativas educacionais. In: SILVA, T, T.(org). O sujeito da Educação: Estudos Foucaultianos. Petrópolis, RJ: Vozes, 1994, p.247-258.
WEINBERG, Mônica e PEREIRA, Camila. O inssino no Brasiu è ótimo. VEJA. São Paulo, ano 82, n 18, p. 42-46, 20 ago. 2008.

quinta-feira, 4 de março de 2010

Próximos eventos

A seguir, listamos alguns dos próximos eventos que estão para ocorrer agora em 2010:
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A todos os linguistas do país:
Estão abertas as inscrições para o CONGRESSO INTERNACIONAL LINGUAGEM E INTERAÇÃO II
Será na UNISINOS e Jean Paul Bronckart estará presente - além de outros nomes internacionais.
O link para o evento é o seguinte: http://www.unisinos.br/congresso/linguagem-interacao/?sessao=apresentacao
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Estão também abertas as inscrições para o I Colóquio Internacional de Estudos Linguísticos e Literários, promovido pelo Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade Estadual de Maringá - UEM. O evento ocorrerá entre os dias 09 e 11 de junho de 2010, em Maringá - PR.Para mais informações, acesso o link a seguir: http://www.cielli.com.br/
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Outro evento importante com inscrições abertas é o IX Encontro do Círculo de Estudos Linguísticos do Sul - CESUL.
Aí vão algumas datas importantes retiradas do site do evento:
1) Inscrição de GTs – 01/02/2010 a 28/02/2010;
2) Resultados das propostas para GTs – até 15/03/2010;
3) Inscrição de trabalhos (comunicações e pôsteres) – 16/03/2010 a 30/04/2010;
4) Divulgação dos trabalhos aprovados – até 30/05/2010;
5) Pagamento da inscrição – 01/06/2010 a 15/06/2010;
6) Envio de trabalhos para publicação nos anais – até 15/07/2010;
7) Inscrição de participantes sem trabalho – 1-15/08/2010.
Para mais informações, acesse http://www.celsul.org.br/unisul/index.htm
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Além disso, foram prorrogadas as inscrições para o 58º Seminário do GEL - Grupo de Estudos Linguísticos de São Paulo.
As inscrições estarão abertas até o dia 10/04/2010.
Para maiores informações sobre o evento acesse o sítio do GEL: http://www.gel.org.br/
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Chamadas de trabalhos também para o VI SENALE -Seminário Nacional sobre Linguagem e Ensino. Ocorrerá em Pelotas - RS de 28 a 30 de abril de 2010. O sítio do evento pode ser acessado pelo seguinte link: www.ucpel.tche.br/senale
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O Enunciado para Foucault e para Bakhtin

(Este ensaio faz parte do artigo intitulado A RESPEITO DE BAKHTIN E FOUCAULT: APROXIMAÇÕES E DISPARIDADES ENTRE OS CONCEITOS DE ENUNCIADO, de Jefferson Voss - membro integrante do Grupo de Estudos Foucaultianos da UEM)
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Afastando-se um pouco do que pressupõem as considerações de Bakhtin e seu grupo acerca da interação verbal, da enunciação e do próprio enunciado, começaremos essa seção apontando o caráter polissêmico do termo enunciado quando utilizado pelas várias correntes de estudos linguísticos que o tomaram, vez ou outra, como objeto de estudo. Segundo o que nos lembram Beth Brait e Rosineide Melo,
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Além do trabalho desenvolvido pelas diferentes pragmáticas, também outros estudos considerados transfrásticos, de diversas procedências, procuram explicar a natureza do enunciado, apresentando-o, em geral, como uma espécie de texto. Outras propostas teóricas, entretanto, vão opor enunciado a texto, como é o caso da Lingüística Textual. Também nas diferentes Análises do Discurso, especialmente as de vertente francesa, o conceito de enunciado vai aparecer, em geral, em oposição a discurso. Não se pode deixar de mencionar que, por vezes, o enunciado é tido como o produto de um processo, isto é, a enunciação é o processo que produz e nele deixa marcas da subjetividade, da intersubjetividade, da alteridade que caracterizam a linguagem em uso, o que o diferencia de enunciado para ser entendido como discurso (2008, pp. 64-5).
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Como se pode notar, a acepção de enunciado não possui um sentido fixo e nem o poderia, principalmente se partirmos da noção de palavra dada por Bakhtin: a palavra está sempre carregada de um conteúdo ideológico ou vivencial, a posição ocupada por aqueles que a sustentam é que lhe dá significação. Portanto, havemos de considerar a noção de enunciado de forma que precisemos a intersecção que ela sofre quando sustentada por interlocutores determinados e operando segundo modalizações específicas. Tomemos o caso em particular de Bakhtin para que, logo adiante, tentemos articular as proximidades e disparidades com a proposta foucaultiana.
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Tendo-se como pressupostos a se considerar o fato de que toda enunciação pressupõe interação verbal entre interlocutores, podemos dizer, a partir de Voloshinov, que o enunciado é o resultado inegável e produto materializado da interação verbal: “O enunciado concreto [...] nasce, vive e morre no processo da interação social entre os participantes da enunciação. Sua forma e significado são determinados basicamente pela forma e caráter desta interação” (VOLOSHINOV apud BRAIT & MELO, 2005, p. 68). Para Bakhtin e seu grupo, não há enunciado que não pressuponha a interação verbal entre indivíduos socialmente organizados.
Outra propriedade inerente ao enunciado é o elo que mantém com aquilo que já foi enunciado e aquilo que há de se enunciar. O enunciado é um elo na cadeia textual quando da formação de redes de memória e da própria evolução das formas linguísticas:
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Todo enunciado – desde a breve réplica (monoléxemática) até o romance ou o tratado científico – comporta um começo absoluto e um fim absoluto: antes de seu início há o enunciado dos outros, depois de seu fim, há os enunciados-respostas dos outros (ainda que seja como uma compreensão responsiva ativa muda ou como um ato resposta baseado em determinada compreensão. (BAKHTIN apud BRAIT & MELO, p. 61)
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Sendo o enunciado esse elo numa cadeia enunciativa, pressupõe-se que haja algo anterior à própria enunciação e que, de alguma forma, estabelece relações com aquilo que é enunciado. O enunciado, pressupõe, então, reiteração de uma memória, seja ela social ou histórica. Permite-se delinear um traçado sobre essa diferenciação entre o que é e o que não é reiterável na enunciação quando, no capítulo 7 de Marxismo e Filosofia da Linguagem, Bakhtin diferencia e relaciona tema e significação. Segundo ele, o tema é, assim como a enunciação, algo individual e reiterável, no sentido de que é definido por condições históricas únicas e não-repetíveis. Por outro lado, a significação é reiterável e idêntica em cada enunciação, ao passo que seria um “aparato técnico para a realização do tema” (BAKHTIN, 1981, p. 129, grifo do original). Há, dessa forma, um sentido anterior à produção enunciativa e que está pressuposto na realização do ato de fala. Contudo, não podemos deixar de esclarecer que essa relação entre tema e significação não atesta a subordinação de um acontecimento linguístico a uma estrutura que define seu campo histórico de significação. Bakhtin coloca a significação como um estágio inferior da capacidade de significar, uma vez que somente o tema significa de maneira determinada, ou seja, não há uma determinação do tema pela significação. Para Bakthin,
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Não há nada na composição do sentido que possa colocar-se acima da evolução, que seja independente do alargamento dialético do horizonte social. A sociedade em transformação alarga-se para integrar o ser em transformação. Nada pode permanecer estável nesse processo. É por isso que a significação, elemento abstrato igual a si mesmo, é absorvida pelo tema, e dilacerada por suas contradições vivas, para retornar enfim sob a forma de uma nova significação com uma estabilidade e uma identidade igualmente provisórias (BAKHTIN, 1981, p. 136).
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Como é possível se notar por essa citação, Bakhtin enfatiza a instabilidade e evolução das formas linguísticas quando imersas num contexto social. Para Bakhtin (1981), o enunciado tem como base um campo de significação comum à língua, mas rompe com essa significação e, por meio do tema, resignifica a palavra no diálogo.
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Outro trecho da obra de Bakhtin que toca nessa questão de um a priori histórico que se manifestaria na produção do discurso aparece em suas colocações a respeito do caráter responsivo da enunciação. Bakhtin afirma que “[...] Toda enunciação, mesmo na forma imobilizada da escrita, é uma resposta a alguma coisa e é construída como tal” (Ibidem, p. 98), ou seja, pressupõe outras enunciações que a constituem, e acrescenta: “[...] Toda inscrição prolonga aquelas que a precederam, trava uma polêmica com elas, conta com as reações ativas da compreensão, antecipa-as” (Ibidem, p. 98). Dessa forma, o enunciado – produto material da interação verbal e não reiterável – implica memória e atualidade numa rede de sentidos em evolução constante. Apesar de ser constituído a partir de uma memória (numa ação responsiva), o tema do enunciado é assegurado pelas condições de enunciação e pelos interlocutores envolvidos, ou seja, o enunciado possui univocidade histórica e não pode ser reiterado completamente, pois cada enunciação caracteriza um contexto de interação verbal específico e produz um enunciado único.
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Partindo-se dessa propriedade não reiterável do enunciado, tendo em vista a própria univocidade da enunciação, tentemos inscrever o método arqueológico de Foucault nos entremeios de nossa discussão. Primeiramente, é mister que toquemos nessa questão do caráter único e não-repetível do enunciado, uma vez que ela se encontra, de certa maneira, mas não da mesma forma, também presente na sistemática foucaultiana. Ao propor uma explanação do conceito de enunciado, Foucault diz que
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Pode-se [...] ter dois enunciados perfeitamente distintos que se referem a grupamentos discursivos bem diferentes, onde não se encontra mais de uma proposição, suscetível de um único e mesmo valor, obedecendo a um único e mesmo conjunto de leis de construção e admitindo as mesmas possibilidades de utilização (FOUCAULT, 2008, p. 91).
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Em outras palavras, uma mesma proposição, em sua forma material, pode comportar mais de uma significação e definir enunciados diferentes no que concerne à função enunciativa desempenhada. Em alguma medida, pode-se, nesse ponto, traçar um paralelo entre esse pensamento foucaultiano e a diferenciação bakhtiniana entre tema e significação. Aquilo que para Bakhtin seria a significação (aparato tecnológico reiterável) definiria, para Foucault, a materialidade de uma proposição, a base significativa comum. Já o enunciado propriamente dito estaria, em Foucault, no domínio do que Bakhtin definiu como tema (algo individual e não-reiterável).
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Contudo, Foucault (2008) define a materialidade como uma propriedade do enunciado e não como o enunciado produto da interação verbal. Diante de um texto, por exemplo, Bakhtin o chamaria de enunciado por este ter sido produto da interação verbal entre interlocutores diante de um universo social estabelecido; já Foucault o chamaria de enunciado por ali podermos evidenciar o desempenho de uma função enunciativa inscrita numa materialidade textual. A problemática levantada sobre o objeto é outra e o objeto de análise em si também o é.
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Ao tentar definir o enunciado, Foucault começa por distingui-lo daquilo com o qual se pode confundi-lo. Na terceira parte de A Arqueologia do Saber (FOUCAULT, 2008), no capítulo intitulado Definir o Enunciado, Foucault distingue o enunciado de três outras unidades com as quais se poderia eventualmente compará-lo: a proposição, a frase e o speech act (ato de fala). Para o filósofo francês, não se deve resumir o valor do enunciado a uma estrutura proposicional, dado que uma mesma proposição pode abarcar enunciados distintos conforme o contexto enunciativo em que foi expressa. Nem mesmo se pode querer equiparar enunciado e frase já que, segundo Foucault, há muitos contextos em que não se exige uma simples frase para que o enunciado ocorra, como em uma tábua de logaritmos ou em uma tabela periódica. Tampouco se deve tomar o enunciado em uma relação sinonímica com um ato de fala, apesar de Foucault admitir ser esta a hipótese que, à primeira vista, parece mais verossímil. De acordo com o autor, um ato de fala ilocucionário pode exigir a existência de dois ou mais enunciados; além disso, os enunciados são condição de existência dos próprios atos de fala. Ao final do capítulo, Foucault conclui negando a unidade do enunciado:
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[...] Não é preciso procurar no enunciado uma unidade longa ou breve, forte ou debilmente estruturada, mas tomada como as outras em um nexo lógico, gramatical ou locutório. Mais que um elemento entre outros, mais que um recorte demarcável em um certo nível de análise, trata-se, antes, de uma função que se exerce verticalmente, em relação às diversas unidades, e que permite dizer, a propósito de uma série de signos, se elas estão aí ou não (2008, p. 98).
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Essa negação à unidade do enunciado comprova a preocupação de Foucault em não tentar definir uma unidade passível de ser recortada para análise, uma vez que o processo analítico deveria levar em conta aquilo que é exterior e constitutivo da função enunciativa. Foucault admite ser o enunciado uma função de existência que pertence ao signo, o que lhe exige, de certa forma, uma materialidade específica, mas não entende o enunciado como um produto materializado ou como um elo na produção textual, senão como uma função enunciativa que precisa ser descrita levando-se em consideração seu exercício, suas condições de existência, as regras que a controlam e o campo em que se realiza (2008, p. 98).
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Nesse ponto de nossa discussão, é interessante que pontuemos as preocupações díspares as quais envolviam ambos os filósofos, Bakhtin e Foucault, quando da conceituação do termo enunciado. De um lado, Bakthin e seu grupo tentavam delinear uma corrente de pensamento linguístico-filosófico que priorizasse o estudo da enunciação enquanto produto vivo da interação entre indivíduos historicamente situados, isso a fim de mostrar como a palavra (discurso) não estava fadada somente à produção subjetiva ou à regência de uma estrutura objetivada. Por outro lado, a preocupação de Foucault era a de descrever como a circulação de saberes em uma sociedade abre margens à produção/transformação dos conhecimentos que delineiam um campo epistemológico. Para Bakthin (1981), o enunciado é prioritariamente material, já que aparece como produto da enunciação; o que define o enunciado são as condições históricas que definiram a enunciação da qual é produto: os outros enunciados aos quais responde, os interlocutores (reais, virtuais ou superiores) envolvidos na interação verbal, etc. Para Foucault (2008), no entanto, o desempenho da função enunciativa exige uma materialidade, mas o enunciado não é em si essa materialidade, uma vez que uma mesma materialidade pode pressupor uma gama de enunciados atuantes. Logo, o enunciado é, para Foucault, a materialização de uma ordem que age sobre as palavras e as coisas, lhes imprimindo um movimento particular na história; por isso a necessidade de descrever-lhe uma função (a função enunciativa) que aponte para os porquês de sua existência material.
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O desempenho da função enunciativa exige, de acordo com Foucault (2008), um referencial como princípio de diferenciação (e não como um objeto), um sujeito enquanto posição que pode ser ocupada sob certas condições, um campo associado que é um domínio de coexistência para outros enunciados (e que não é, diga-se de passagem, um contexto real de formulação, ou uma situação na qual foi articulada uma proposição) e uma materialidade enquanto um status ocupado em certas possibilidades de uso ou de reutilização (FOUCAULT, 2008, p. 99-119).
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Nota-se, de antemão, um caráter menos pragmático que o bakhtiniano nessa definição dada por Foucault ao desempenho da função enunciativa. Se, para Bakhtin, é relevante pensar, por exemplo, no contexto real de formulação enquanto universo social que define a interação verbal entre os interlocutores, para Foucault o que importa é a análise da relação entre os enunciados num domínio de coexistência. Enquanto Bakhtin vê o surgimento da palavra em função do interlocutor (toda palavra serve de expressão a um em relação ao outro), Foucault pensa na existência da palavra como efeito de saberes postos em circulação numa dada época. A preocupação de Bakhtin era mesmo a de traçar uma teoria da linguagem que superasse parte do pensamento estruturalista. Já Foucault queria entender como se formam os saberes que dão emergência a esses trajetos teóricos que chegam a engendrar o que, depois, vem a se chamar estruturalismo ou qualquer outra coisa.
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(Jefferson Voss - Mestrando em Letras pelo Programa de Pós-Graduação em Letras da UEM)
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