“Microfísica do Poder” – Michel Foucault
Cap I - “Verdade e Poder”
No encontro de 03 de Março de 2010, o GEF debruçou-se sobre a entrevista apresentada no Cap I - “Verdade e Poder” do livro “Microfísica do Poder”. Frente a diversos questionamentos, Foucault (2008) ressalta algumas noções essenciais para a compreensão da proposta do método arqueogenealógico, tais como descontinuidade, enunciado, discurso, acontecimento, historicidade, verdade e a relação saber/poder.
Assim, o filósofo retrata que a história não obedece a “esquemas suaves” e “continuistas”, numa espécie de entrelaçamento de blocos homogêneos dotados de coesão, mas que a história se constrói na descontinuidade, operada por mudanças que fundam um novo “regime” no discurso e no saber.
Tais transformações operam, consequentemente, numa mudança nas regras de formação dos “ENUNCIADOS” aceitos como cientificamente verdadeiros. Cabe ao analista observar o que rege tais enunciados, como se regem entre si, constituindo um conjunto de proposições aceitas como verdadeiras e verificáveis por procedimentos científicos. Verificar como se dá o exercício “interno” do “PODER”, os efeitos desse poder que circulam entre os enunciados, trata-se do “Regime Discursivo”.
Esses pensamentos conduzem a reflexão da dicotomia entre “estrutura” (pensável) e “acontecimento” (irracional): nem tudo é mera repetição, sempre há lugar para o “novo”, para uma nova ordem nos saberes que, consequentemente, constroem um novo regime de verdade, um novo exercício do poder. No entanto, segundo o filósofo, tal visão não é a deslocar tudo para o campo do “acontecimento”, mas perceber que há um “escalonamento de tipos de acontecimentos diferentes”, com diferentes alcances, amplitudes cronológicas e capacidades de produzir efeitos.
Ainda na entrevista, cabe salientar que o “poder” em Foucault (2008, p. 06) não deve ser visto como algo global, ligado somente à soberania, mas como um exercício concreto, presente em todas as relações, nas malhas mais finas da sociedade. Dessa forma, o poder não está ligado à repressão, à uma força que diz somente “não”, mas firma-se como uma rede produtiva: “produz coisas, induz ao prazer, forma saber, produz discurso”.
Assim, conforme ressalta Foucault (2008), não há poder sem saber, não existe verdade fora ou sem poder. “Cada sociedade tem seu regime de verdade, sua ‘política geral’ de verdade: isto é, os tipos de discurso que ela acolhe e faz funcionar como verdadeiros; os mecanismos e as instâncias eu permitem distinguir os enunciados verdadeiros dos falsos, a maneiras como se sancionou uns e outros; as técnicas e os procedimentos que são valorizados para a obtenção da verdade; o estatuto daqueles que têm o encargo de dizer o eu funciona como verdadeiro.” (FOUCAULT, 2008, p. 12). Em decorrência disso, vê-se a sociedade como uma arena na qual se acampa uma disputa pela “verdade” e “do papel econômico-político que ela desempenha”.
Diante dessa perspectiva, o intelectual deve estar engajado em lutas específicas, locais, observando como se dá, como se constrói o regime de verdade, indispensável para as estruturas e funcionamento da sociedade.
Foucault se propõe a analisar aquilo que convencionalmente se chama a história das ideias, ou dos saberes, aquilo que vem, posteriormente, a se delinear como uma ciência (isso aparece na arqueologia). Contudo, não lembro em que obra e em que trecho (acho que na microfísica mesmo) ela nega que seu papel seja de epistemólogo. Afinal, ele pode ou não ser chamado de epistemólogo?
ResponderExcluirAcredito que um epistemólogo se detém na "origem" dos saberes. Foucault, a meu ver, busca reconstruir a história das ideias, dos saberes; não há uma preocupação com a gênese (mito).
ResponderExcluirRoubar informaçoes??Faz favor...qual a finalidade de vc compartilhar na rede?Nao seria p utilizar o material desde q se cite a fonte?
ResponderExcluirEste material não pode ser utilizado, ainda que citamos a fonte????
ResponderExcluir